1/18/2011
Wordpress (goodbye)
10/11/2010
O Show de Truman
Muitos aceitam o mundo como ele é, mas outros como o Truman enchergam muito mais através das portas/conceitos/regras. São estes que nos fazem lembrar que nosso futuro somos nós quem fazemos.
Sem levar em consideração a existência ou não de Deus e sua completa bondade, nos deparamos que a maior das boas intenções só é realmente boa quando as partes são chamadas para participar e definí-las. Se Deus nos quis prover um paraiso ele deveria ter perguntado a nós se nós realmente queríamos viver em um paraíso.
Não há nada mais fascinante do que o mundo imperfeito como ele é. Comer a maçã é muitas vezes um instrumento de libertação e autoconhecimento. Então vamos abrir nossas portas e se preciso pular os muros (caso não haja portas).
Fica minha dica aqui. Assistam "O Show de Truman" e leiam entre as linhas a mensagem do Andrew Niccol. Um filme nota 10 (pelo menos para mim) http://www.imdb.com/title/tt0120382/
9/18/2010
Ganhei coragem
GANHEI CORAGEM
( Rubem Alves -Publicado na Folha de S. Paulo )
8/08/2010
O APEDREJAMENTO DA IRANIANA- PROTESTE!
Em entrevista ao jornal "Guardian", Sakineh diz que autoridades estão mentindo e que assinou sentença sem entender
DE SÃO PAULO
"A resposta é bem simples. É por eu ser uma mulher, é por eles acharem que podem fazer o que quiserem com as mulheres, neste país."
É assim que Sakineh Ashtiani, a iraniana condenada à morte por apedrejamento pelo "crime" de adultério, define o motivo pelo qual aguarda por uma das mais cruéis penas de morte do mundo.
Presa desde 2006 na cadeia de Tabriz, Sakineh falou ontem ao jornal britânico "Guardian" por meio de um intermediário cuja identidade não mantida em sigilo.
Leia abaixo as principais declarações de Sakineh.
"A resposta é bem simples. É por eu ser uma mulher, é por eles acharem que podem fazer o que quiserem com as mulheres, neste país. Para eles, adultério é pior que homicídio. Mas não todos os tipos de adultério: um homem adúltero pode nem ser preso, mas uma mulher adúltera é o fim do mundo.
É por estar em um país onde as mulheres não têm o direito de se divorciar dos maridos e estão privadas de direitos básicos."
Medo
"Elas [autoridades iranianas] estão mentindo. Estão envergonhadas com a atenção internacional dada ao meu caso e tentam desesperadamente distrair a atenção e confundir a mídia para me matarem em segredo."
Julgamento
"Fui considerada culpada de adultério e absolvida do homicídio. O homem que realmente matou meu marido foi identificado e preso, mas não condenado à morte.
Quando o juiz me entregou minha sentença, nem percebi que deveria ser apedrejada à morte porque eu não sabia o que "rajam" significa.
Eles me pediram para assinar minha sentença e eu o fiz, daí eu voltei à prisão, e os meus companheiros de cela me disseram que eu seria apedrejada à morte e eu, instantaneamente, desmaiei."
Advogado
"Eles queriam se livrar do meu advogado [Mohammad Mostafaei] para que pudessem facilmente me acusar do que quer que fosse sem que ele denunciasse. Não fossem os esforços dele, eu já teria sido apedrejada à morte."
Prisão
"As palavras deles [dos guardas de Tabriz], o jeito como me olham -uma mulher adúltera que deveria ser apedrejada à morte- é como ser apedrejada todos os dias."
Campanha
"Todos esses anos, elas [autoridades tentaram colocar uma coisa na minha cabeça, me convencer de que eu sou uma mulher adúltera, uma mãe irresponsável, uma criminosa. Mas, com o apoio internacional, uma vez mais me vejo uma pessoa inocente. Não deixem que me apedrejem diante do meu filho." ( Fonte : Entrevista publicada pelo jornal A Folha de São Paulo, 7 de agosto de 2010)
7/02/2010
Um país de Tolos
Goiània, 23 de Junho de 2010
Brasil, Um país de "Tolos"
Venho aqui me manifestar, por este meio público (mas não governamental) que é a internet para exprimir minha indignação quanto ao tratamento que a Anac oferece aos brasileiros como eu, que pagam seus impostos.
Hoje, vindo de Goiania para São Paulo, me vi diante do segundo atrazo em menos de 24 horas pela companhia aéria GOL, não venho aqui me manifestar contra a GOL porque ela está no seu papel de tratar seus clientes da maneira que a agência controladora solicita.
Hoje me atrazei pela segunda vez, como já mencionei anteriormente, no aeroporto de Goiânia-GO. Vou descrever os fatos na sequencia cronológica: Corri para chegar com uma hora de antecedência, como a Anac orienta aos brasileiros como eu que pagam seus impostos. Quando cheguei já fui perguntando se o vôo já estava atrasado.
Fui informado que o vôo estava no horário. Bem esperei até a hora do embarque 20:20. Quando estava na sala de embarque fui informado que o vôo iria atrazar para as 21h00min. O que fiz neste momento (sabendo que só chegaria ao meu destino, em casa as 00h00min do outro dia? Fui reclamar ao balcão da Anac.
Chegando lá para reclamar recebi a seguinte mensagem do guichê da Anac "Eles podem atrasar em até 4 horas" nem acredito que ouvi isso.
Depois fiquei sabendo que há uma lei, conforme imagem em anexo, que dá o direito as compahias aérias de atrazar todos os seus vôos em até uma hora para que desta forma possam assim reclamar a compahia aéria.
Fui ler a regulação da Anac.
Seguem os direitos do consumidor:
Atraso superior a 1h --> Uma ligação ou acesso a internet.
2h --> Refeição
4h --> Acomodação em hotel
Como a GOL informava que iria atrazar 40min, cheguei a assimir que não adiantaria reclamar pq a lei não me respaldava, mas mesmo assim fui reclamar:
Chegando ao balção da GOL de Goiânia, para pedir minha ligação, ouvi mais duas frases estarrecedoras "Há um telefone público ali ao lado" e "Ah! Não possuimos telefones" não acredito que ouvi isso.
Voltando ao balcão da Anac me informaram que este vôo provavelmente iria atrazar mais de 1h e me pediram para levar a lei. Será que eu é quem tenho que brigar com a GOL? Eles dariam ouvido a um consumidor? Brasil um país de Tolos
Depois de voltar ao portão de embarque ouvi a segunda chamada da GOL que o vôo estárá com pouso em GO as 21h00min. Malandragem, no mínimo.
Sei que amanhã terei que acordar cedo para ir trabalhar e que a GOL e alguns leitores achariam que estou dando chilique, mas aqui vai mais um ato de reclamação aos dirigentes deste país de tolos.
Há quem ache que o Brasil está bem e em franca ascensão. Eu, porém, acredito que um país que não respeita seus consumidores e trabalhadores pagadores de impostos não é nada menos que um país de tolos. Uma agência que não tem o mínimo de estrutura para que se cumpra uma lei no mínimo absurda é uma agência que não merece meu respeito.
Repasse esta carta para quantas pessoas você puder se vc concorda com minhas palavras e não propague, se você acha que esta carta é apenas um chilique de um stressadinho no aeroporto.
PS: Não há confirmação da descida da aeronave e já são 21:07.
"Brasil, um país de Tolos" Não tenho a quem reclamar. "Para que eu quero descer"
Ps: Finalmente consegui minha ligação. Tinha ido no guiche de vendas e eles não sabiam de nada. Consegui a ligação por compaixão da GOL pq a Anac nem fez força para que meus direitos tenham sido respeitaods. Companhia preparada essa GOL ein? Agência preparada essa Anac ein?
5/07/2010
4/30/2010
Por que colecionar as figurinhas da copa?
Pra que colecionar estas besteiras que são as figurinhas da copa?
- Ei tio, vou querer 20 pacotes
- Pacote no bolso
- Abrindo o pacotinho
- Figurinha da seleção
- Escudo (lindo)
- Será que um dia vem 2 cromadas?
- Carrasco francês (ah que ódio)
- O album cada dia mais pesado (parecia tão frágil)
- Completando a primeira linha
- Completando a primeira página
- Completando o primeiro time estrangeiro
- Será que pode vir mais de 5 no pacote? rsrs
- Completando a página do Brasil
- Toocando com os amigos
- A cromada vale mais (Vale não)
- O time do Japão só tem cara estranha
- Time grego e seus nomes de grandes gregos (Sokratis, Alexandros, Dimitrios, Gregoriis)
- Terapia a noite
- Maço pequeno
- Maço médio
- Caramba já estou com um puta de um maço de repetidas
- E ai cara quantas seleções vc já tem preenchidas?
- Figurinhas virtuais
- A copa vai começar e meu algum não tá cheio
- Galera que troca no posto
- Primeiro estádio
- Consegui a taça
- Faltam quantas pra acabar?
- Agora só quero trocar com quem tiver do Chile
- Bagunça no sofá
- O cachorro quer comer meu pacotinho
- Vou fechar, vou fechar
- Já gastei R$ ... sei lá, não interessa.
- O Brasil tá forte...tá nada
- Não compro mais não tá valendo a pena
- O posto de troca tá cada dia mais lotado
- O tempo não volta mais...o album sempre volta
- Sei lá...
- Terapia...
4/21/2010
Features of Connected speech
Features of Connected speech
English is a stress-timed language. This means that it has a certain kind of music or rhythm. You can hear this rhythm when people speak naturally in English. Sentences have a mixture of strong or stressed syllables and unstressed syllables, or beats. Stress-timed means that the stressed syllables fall at regular intervals and that the syllables in between are compressed to fit the rhythm. So different syllables have different lengths. Sentences with different numbers of syllables can said in the same amount of time.
Try saying theses sentences with the same length of time as the first sentence:
He’s got a laptop. He’s got a new laptop. He’s got a brand new laptop.
In natural, connected speech there are a number of changes that happen to sounds in sentences. Even if you can’t make these changes in your speech yet, it’s important to know about them when you listen to other people.
Assimilation
Here a sound is influenced by a sound next to it.
For example: Ten pence. The / n / becomes an / m / sound: 'tempence'
Elision
Here a sound is omitted or left out completely.
For example:Band stand. The / d / is lost from the first word: 'banstand'
Liaison
Here a sound links, often when words have final consonants linking with initial vowels.
For example: Peace talks (no pause between words)
Intrusion
Especially with accents that do not normally pronounce final 'r' sounds. We add an / r / sound joining the end of the first word and the beginning of the second.
For example: Law and order: 'Law 'r'and order'
Contractions
Here two or more words are joined together in some way.
For example:
He’s a computer nerd. She’s been learning how to program. We’ve bought a webcam.
I gotta buy a portable modem. I wanna new laptop. It’s kinda fun.
Short forms
We shorten many words to a schwa sound when the syllable is unstressed.
For example: You are on his team: 'You e on his team. (e = schwa)
4/17/2010
Lições de Steve Jobs
- Não perca o consumidor de vista. O Cube afundou porque foi construído para designers, não para consumidores.
- Estude o mercado e o setor. Jobs está constantemente vigilante para ver que novas tecnologias estão aparecendo.
- Não pense inconscientemente sobre inovação. Sistematizar a inovação é como ver Michael Dell tentar dançar. Doloroso.
- Concentre-se nos produtos. Os produtos são a força gravitacional que tudo reune.
- Lembre-se de que os motivos fazem diferença. Concentre-se em excelentes produtos, não em se tornar o maior ou o mais rico.
- Conecte. Para Jobs, criatividade é simplesmente conectar as coisas.
- Estude. Jobs é um profundo estudioso de arte, design e arquitetura. Ele até mesmo corre por estacionamentos olhando os Mercedes.
- Seja flexivel. Jobs desfez-se de várias das antigas tradições que tornavam a apple especial - e manteve-a pequena.
- Queime os navios.. Jobs matou o mais popular iPod para dar lugar a um moderno e mais fino. Queime os navios e você terá que ficar e lutar.
- Faça protótipos. Até as lojas da Apple foram desenvolvidas como qualquer produto: prototipadas, editadas e refinadas.
- Pergunte aos clientes. O popular Genius Bar surgiu a partir de uma demanda dos clientes.
4/03/2010
Tortura Contra Mulher na Ditadura Militar
Amigos e Amigas,
Nos próximos 31 de março/01 de abril/64, é para relembrarmos firmemente e com determinação, o período mais triste da recente história brasileira. Foi um dos momentos onde em nome do estado e com dinheiro do contribuinte, que agentes do estado, usurparam o poder pela força das baionetas e infrigiram mais de 04 decadas de sofrimentos aqueles que resistiram diretamente ao golpe e tb aqueles que emudeceram nos seus lares, locais de trabalho, escolas e universidades. E nisso aí, tivemos a crueldade contra nossas mulheres, companheiras, irmãs, mães, filhas...muitas morreram, e as demais sobrevivem carregando nas suas mentes sequelas irreversiveis. conclamamos para que nessa data possamos reforçar a nossa luta, que jamais, e em tempo algum, se esgotará enquanto não abrirmos os arquivos secretos do exercito, aeronautica e marinha, para em seguida, responsabilizarmos perante a justiça aqueles agentes publicos, os torturadores ( é verdae, eles circulam por aí livremente e impunimente ), fazendo justiça para que a nação brasileira possa virar essa página e construir uma nação livre e justa para a atual e futura geração.
Pela a vida e Pela A Paz, tortura nunca mais!!
Wilson Albuquerque
domingo, 28 de março de 2010
Lembrança dos crimes da ditadura militar: fazei isso em memória delas
São mulheres de diferentes cidades do Brasil. Algumas amamentavam. Outras, grávidas, pariram na prisão ou, com a violência sofrida, abortaram. Não mereciam o inferno pelo qual passaram, ainda que fossem bandidas e pistoleiras. Não eram. Eram estudantes, professoras, jornalistas, médicas, assistentes sociais, bancárias, donas de casa. Quase todas militantes, inconformadas com a ditadura militar que em 1964 derrubou o presidente eleito. Foram presas, torturadas, violentadas. Muitas morreram ou desapareceram lutando para que hoje nós vivêssemos numa democracia.
As histórias de 45 dessas mulheres mortas ou desaparecidas estão contadas no livro “Luta, Substantivo Feminino”, lançado quinta-feira passada, na PUC de São Paulo, na presença de mais de 500 pessoas. O livro contém ainda o testemunho de 27 sobreviventes e muitas fotos. Se um poste ouvir os depoimentos dilacerantes delas, o poste vai chorar diante da covardia dos seus algozes. Dá vergonha viver num mundo que não foi capaz de impedir crimes hediondos contra mulheres indefesas, cometidos por agentes do Estado pagos com o dinheiro do contribuinte.
Rose Nogueira - jornalista, presa em 1969, em São Paulo, onde vive hoje. “Sobe depressa, Miss Brasil’, dizia o torturador enquanto me empurrava e beliscava minhas nádegas escada acima no Dops. Eu sangrava e não tinha absorvente. Eram os ‘40 dias’ do parto. Riram mais ainda quando ele veio para cima de mim e abriu meu vestido. Segurei os seios, o leite escorreu. Eu sabia que estava com um cheiro de suor, de sangue, de leite azedo. Ele (delegado Fleury) ria, zombava do cheiro horrível e mexia em seu sexo por cima da calça com um olhar de louco. O torturador zombava: ‘Esse leitinho o nenê não vai ter mais’”.
Izabel Fávero - professora, presa em 1970, em Nova Aurora (PR). Hoje, vive no Recife, onde é docente universitária: “Eu, meu companheiro e os pais dele fomos torturados a noite toda ali, um na frente do outro. Era muito choque elétrico. Fomos literalmente saqueados. Levaram tudo o que tínhamos: as economias do meu sogro, a roupa de cama e até o meu enxoval. No dia seguinte, eu e meu companheiro fomos torturados pelo capitão Júlio Cerdá Mendes e pelo tenente Mário Expedito Ostrovski. Foi pau de arara, choques elétricos, jogo de empurrar e ameaças de estupro. Eu estava grávida de dois meses, e eles estavam sabendo. No quinto dia, depois de muito choque, pau de arara, ameaça de estupro e insultos, eu abortei. Quando melhorei, voltaram a me torturar”.
Hecilda Fontelles Veiga - estudante de Ciências Sociais, presa em 1971, em Brasília. Hoje, vive em Belém, onde é professora da Universidade Federal do Pará. “Quando fui presa, minha barriga de cinco meses de gravidez já estava bem visível. Fui levada à delegacia da Polícia Federal, onde, diante da minha recusa em dar informações a respeito de meu marido, Paulo Fontelles, comecei a ouvir, sob socos e pontapés: ‘Filho dessa raça não deve nascer’. (…) me colocaram na cadeira do dragão, bateram em meu rosto, pescoço, pernas, e fui submetida à ‘tortura cientifica’. Da cadeira em que sentávamos saíam uns fios, que subiam pelas pernas e eram amarrados nos seios. As sensações que aquilo provocava eram indescritíveis: calor, frio, asfixia. Aí, levaram-me ao hospital da Guarnição de Brasília, onde fiquei até o nascimento do Paulo. Nesse dia, para apressar as coisas, o médico, irritadíssimo, induziu o parto e fez o corte sem anestesia”.
Yara Spadini - assistente social presa em 1971, em São Paulo. Hoje, vive na mesma cidade, onde é professora aposentada da PUC. “Era muita gente em volta de mim. Um deles me deu pontapés e disse: ‘Você, com essa cara de filha de Maria, é uma filha da puta’. E me dava chutes. Depois, me levaram para a sala de tortura. Aí, começaram a me dar choques direto da tomada no tornozelo. Eram choques seguidos no mesmo lugar”.
Inês Etienne Romeu - bancária, presa em São Paulo, em 1971. Hoje, vive em Belo Horizonte. “Fui conduzida para uma casa em Petrópolis. O dr. Roberto, um dos mais brutais torturadores, arrastou-me pelo chão, segurando-me pelos cabelos. Depois, tentou me estrangular e só me largou quando perdi os sentidos. Esbofetearam-me e deram-me pancadas na cabeça. Fui espancada várias vezes e levava choques elétricos na cabeça, nos pés, nas mãos e nos seios. O ‘Márcio’ invadia minha cela para ‘examinar’ meu ânus e verificar se o ‘Camarão’ havia praticado sodomia comigo. Esse mesmo ‘Márcio’ obrigou-me a segurar seu pênis, enquanto se contorcia obscenamente. Durante esse período fui estuprada duas vezes pelo ‘Camarão’ e era obrigada a limpar a cozinha completamente nua, ouvindo gracejos e obscenidades, os mais grosseiros”.
Ignez Maria Raminger - estudante de Medicina Veterinária presa em 1970, em Porto Alegre, onde trabalha atualmente como técnica da Secretaria de Saúde. “Fui levada para o Dops, onde me submeteram a torturas como cadeira do dragão e pau de arara. Davam choques em várias partes do corpo, inclusive nos genitais. De violência sexual, só não houve cópula, mas metiam os dedos na minha vagina, enfiavam cassetete no ânus. Isso, além das obscenidades que falavam. Havia muita humilhação. E eu fui muito torturada, juntamente com o Gustavo [Buarque Schiller], porque descobriram que era meu companheiro”.
Dilea Frate - estudante de Jornalismo presa em 1975, em São Paulo. Hoje, vive no Rio de Janeiro, onde é jornalista e escritora. “Dois homens entraram em casa e me sequestraram, juntamente com meu marido, o jornalista Paulo Markun. No DOI-Codi de São Paulo, levei choques nas mãos, nos pés e nas orelhas, alguns tapas e socos. Num determinado momento, eles extrapolaram e, rindo, puseram fogo nos meus cabelos, que passavam da cintura”.
Cecília Coimbra - estudante de Psicologia presa em 1970, no Rio. Hoje, presidente do Grupo Tortura Nunca Mais e professora de Psicologia da Universidade Federal Fluminense: “Os guardas que me levavam, frequentemente encapuzada, percebiam minha fragilidade e constantemente praticavam vários abusos sexuais contra mim. Os choques elétricos no meu corpo nu e molhado eram cada vez mais intensos. Me senti desintegrar: a bexiga e os esfíncteres sem nenhum controle. ‘Isso não pode estar acontecendo: é um pesadelo… Eu não estou aqui…’, pensei. Vi meus três irmãos no DOI-Codi/RJ. Sem nenhuma militância política, foram sequestrados em suas casas, presos e torturados”.
Maria Amélia de Almeida Teles - professora de educação artística presa em 1972, em São Paulo. Hoje é diretora da União de Mulheres de São Paulo. “Fomos levados diretamente para a Oban. Eu vi que quem comandava a operação do alto da escada era o coronel Ustra. Subi dois degraus e disse: ‘Isso que vocês estão fazendo é um absurdo’. Ele disse: ‘Foda-se, sua terrorista’, e bateu no meu rosto. Eu rolei no pátio. Aí, fui agarrada e arrastada para dentro. Me amarraram na cadeira do dragão, nua, e me deram choque no ânus, na vagina, no umbigo, no seio, na boca, no ouvido. Fiquei nessa cadeira, nua, e os caras se esfregavam em mim, se masturbavam em cima de mim. Mas com certeza a pior tortura foi ver meus filhos entrando na sala quando eu estava na cadeira do dragão. Eu estava nua, toda urinada por conta dos choques”.
São muitos os depoimentos, que nos deixam envergonhados, indignados, estarrecidos, duvidando da natureza humana, especialmente porque sabemos que não foi uma aberração, um desvio de conduta de alguns indivíduos criminosos, mas uma política de Estado, que estimulou a tortura, a ponto de garantir a não punição a seus autores, com a concordância e a conivência de muita gente boa “em nome da conciliação nacional”.
No lançamento do livro na PUC, a enfermeira Áurea Moretti, torturada em 1969, pediu a palavra para dizer que a anistia foi inócua, porque ela cumpriu pena de mais de quatro anos de cadeia, mas seus torturadores nem sequer foram processados pelos crimes que cometeram: “Uma vez eu vi um deles na rua, estava de óculos escuros e olhava o mundo por cima. Eu estava com minha filha e tremi”.
Os fantasmas que ainda assombram nossa história recente precisam ser exorcizados, como uma garantia de que nunca mais possam ser ressuscitados - escreve a ministra Nilcea Freire, ex-reitora da UERJ, na apresentação do livro, que para ela significa o “reconhecimento do papel feminino fundamental nas lutas de resistência à ditadura”.
Este é o terceiro livro da série “Direito à Memória e à Verdade”, editado pela Secretaria de Direitos Humanos (SEDH) em parceria com a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. O primeiro tratou de 40 afrodescendentes que morreram na luta contra o regime militar. O segundo contou a “História dos meninos e meninas marcados pela ditadura”. Eles podem ser baixados no site da SEDH.
O golpe militar de 1964 que envelhece, mas não morre, completa 46 anos nos próximos dias. Essa é uma ocasião oportuna para lançar o livro em todas as capitais brasileiras. No Amazonas, as duas reitoras - Marilene Correa da UEA e Márcia Perales da UFAM - podiam muito bem organizar o evento em Manaus e convidar a sua colega Nilcea Freire para abri-lo. Afinal, preservar a memória é um dos deveres da universidade. As novas gerações precisam saber o que aconteceu.
A lembrança de crimes tão monstruosos contra a maternidade, contra a mulher, contra a dignidade feminina, contra a vida, é dolorosa também para quem escreve e para quem lê. É como o sacrifício da missa para quem nele crê. A gente tem de lembrar diariamente para não ser condenado a repeti-lo: fazei isso em memória delas.
O professor José Ribamar Bessa Freire coordena o Programa de Estudos dos Povos Indígenas (UERJ), pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Memória Social (UNIRIO)